Estrutura tem 18 metros de altura e 20 metros de boca de cena, além de três módulos
O mamulengo é um boneco gigante originário do Nordeste e, na encenação, faz alusão ao Boi Garantido, que seria o mamulengo da Amazônia (Foto: Junio Matos)
A segunda alegoria da noite de apresentação do Boi Garantido veio com o nome “O mamulengo do folclore parintinense”, em alusão à criação do bumbá vermelho e branco, chamado de “Brinquedo de São João”. O mamulengo é um boneco gigante originário do Nordeste e, na encenação, o boi parintinense faz alusão a ele, sendo chamado de mamulengo da Amazônia.
A alegoria vem representando Alexandrina Monteverde, mãe de Lindolfo Monteverde, fundador do Boi Garantido, que, junto com seus irmãos, o ajudou a criar o boizinho e colocá-lo no terreiro para dançar. A estrutura é assinada pelo artista de ponta Júnior Feijó, e veio para a arena com 18 metros de altura, 20 metros de boca de cena e três módulos.
Um ponto alto da noite foi quando o levantador Sebastião Jr. cantou a toada “Vermelho” concorrendo nos itens “Levantador de Toadas” e “Toada, Letra e Música”.
Sebastião Júnior cantou a toada Vermelho, ficando emocionado e emocionando a torcida encarnada (Foto: Junio Matos)
Enquanto Sebastião cantava, bastante emocionado, e tocava violão, o Boi Garantido piscava os olhinhos e o apresentador Israel Paulain montou guarda para contemplar o cântico. Neste momento, a galera vermelha e branca foi ao delírio.
Próximos momentos
Os tuxauas vieram durante a apresentação das tribos indígenas, comandadas pelo pajé Adriano Paketá, que representou os povos Yanomami. A encenação foi acompanhada pela toada “Celebração de fé”. Após o momento dos tuxauas, a toada “Pátria Indígena” veio puxando a faixa gigante “Por Dom e Bruno, Justiça”.
Sob um grito de conservação e preservação, a lenda amazônica veio trazendo a alegoria “Teperecique, o senhor das águas”, um ser encantado que veio bradar contra a exploração dos rios, em especial do garimpo que assola o Rio Madeira, em busca de ouro. A alegoria é assinada pelo artista de ponta Sorin Sena, possui 18 metros de altura, 35 metros de boca de cena e 20 módulos.
Na lenda, Teperecique direciona sua fúria contra os exploradores dos rios. Metade homem, metade peixe, o conceito da encenação trouxe novamente o alerta de que, se rios continuarem a ser poluídos e a natureza ferida, o ser se voltará contra as pessoas que causam o mal ao meio ambiente.
Na alegoria, seres comuns e mágicos dos rios vinham fazendo movimentações. Garimpeiros vinham em cima de um barco, que tinha mobilidade no “rio” que se transformou a arena do Bumbódromo.
Na alegoria central, que tinha na parte superior o rosto da mãe natureza, havia embaixo duas cortinas com os rostos de Dom Phillips e Bruno Pereira, jornalista e indigenista assassinados no Vale do Javari, que atuavam em proteção dos povos indígenas.
Momentos depois, a cortina se abriu e, de dentro da figura da mãe natureza, surgiu Teperecique, montado em cima de um jacaré gigante. Na encenação, os barqueiros estão em desespero, sendo perseguido pelo ser encantado, que emergiu dos rios furioso com a degradação das águas e do meio ambiente ao todo.
O jacaré mexia a cabeça e as pernas, enquanto a figura de Teperecique fazia movimentos nos braços, cabeça e boca. De dentro da boca do ser, saiu a cunhã-poranga Isabelle Nogueira. A perseguição furiosa de Teperecique faz referência à ideia de que a morte de Dom e Bruno não ficará impune, seja ela vinda pelas mãos dos homens ou pelas mãos da mãe natureza.