Empoderamento

Caprichoso inova, coloca mulheres em pedestal e traz duas maestrinas para reger Marujada de Guerra

Dupla do município de Barreinha, no Amazonas, tem mais de três anos à frente Touro Branco no festival dos touros local

Isabella Pina
26/06/2022 às 17:48.
Atualizado em 26/06/2022 às 17:48

(Fotos: Arlesson Sicsú)

Pela primeira vez na história do boi-bumbá, duas mulheres subiram no pedestal dos pearas do Caprichoso e assumiram o posto de maestras da Marujada de Guerra, item 3, na segunda noite do Festival Folclórico de Parintins. 

Lá do alto, Hudmila Beltrão e Tayla Cabral construíram uma nova história no boi da estrela na testa, ao reger a bateria no mais importante momento da noite para a percussão ao serem avaliadas dos jurados.

As duas maestrinas, originais de Barreirinha-AM, vieram ao festival a convite especial do Caprichoso para a marcante e mais que simbólica apresentação.

Esta não é, claro, a primeira vez que a dupla lidera uma multidão de percussionistas. Jovens, mas com experiência de sobra, aos 28 anos de idade, Mila e Tayla acumulam na bagagem três anos à frente  da batucada do Touro Branco, do festival típico de Barrerinha. Vem de lá o talento nato para reger com maestria a bateria.

"A minha família em Barreirinha é fundadora dos dois Touros. Desde criança, meu pai é artista, minha mãe é artista. A família é toda envolvida em boi. Brincantes, item, fundador. Desde os sete anos brinco na batucada. Mas lá em Barreirinha eu toco na Batucada. Comecei no xeque-xeque, toquei repique, surdo, caixinha", narra Mila.

De uma infância envolvida com o boi local de sua terra, cercada por instrumentos e a influência da família pela arte, ela surge no Bumbódromo no auge de sua carreira para reger o Caprichoso no ápice da Marujada de Guerra. As duas, inicialmente, fariam participação especial em duas toadas de exaltação feminina. Numa mudança de última hora, assumiram protagonismo no ponto mais alto da noite para a marujada.

"Íamos reger duas outras toadas, 'Guardião' e 'Cunhã Tribal'. De tarde, o Adriano Aguair me avisa que tudo mudou e que seria a Marujada e Guerra, valendo a pontuação. Rejo em média 110 bateristas em Barreinha, então não foi tão fora do comum o desafio pelo o que eu já faço. Quando esse convite surgiu fiquei muito empolgada.É muito importante, significa muito ter mulheres ali, complementa".

Tayla também é outra que praticamente nasceu com instrumentos na mão. Desde os cinco anos de idade toca bateria e é envolvida com os Touros locais. Da bateria à caixinha,passando pelo repique, foi à frente dos tambores, liderando a sinfonia, que se encontrou.

"Comecei seguindo meu eu. Minha família é toda de artistas. Também venho dos touros. Desde de muito novinha. Comecei na bateria, fui para a caixinha. Com cinco anos já estava na bateria. Faz parte de mim isso tudo. A arte como musicista".

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