Garantido também trouxe para a arena a Ticê, que é a mulher indígena que aplaca o ódio do deus da maldade
(Foto: Arlesson Sicsú/Freelancer)
Assim como o povo que cultiva e preserva a Amazônia, há também o povo que a destrói para alimentar a ganância, o ódio, a ira e o garimpo. Todos esses elementos foram materializados na representação de Xandoré, deus da maldade que, no conceito trazido para o item “lenda amazônica” do Boi Garantido na 2ª noite do 55º Festival Folclórico de Parintins, representa a destruição.
A alegoria, com 18 metros de altura, 34 metros de boca de cena e 10 módulos, também trouxe Ticê, uma mulher indígena capaz de aplacar o ódio do deus da maldade. No ato, os grupos folclóricos da arena jogaram lanças sobre Xandoré.
O ataque à Xandoré faz uma alusão aos povos tradicionais tentando se defender das mazelas trazidas pelos garimpos e por pessoas que atentam contra a vida de quem defende a Amazônia, a exemplo do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, assassinados no Vale do Javari.
Na lenda, Xandoré era um ser extremamente cruel, que não poupava nem mulheres grávidas. Na estrutura alegórica, o ser veio representado por falcões gigantes, que tentavam atacar os povos tradicionais na arena.
Logo após, surgiu a estrutura que representa Ticê, figura conhecida na mitologia tupi-guarani como “domadora de sentimentos ruins”, representada na alegoria com um ser de cabeça de onça e corpo de escorpião, a sair do módulo central feminino.
(Foto: Arlesson Sicsú/Freelancer)
O módulo de Ticê trouxe então a cunhã-poranga Isabelle Nogueira, que, em sua dança, encenava uma ave voando. Em seu rosto, uma máscara de falcão fazia relação com a lenda apresentada na arena.
Em passos tribais, a cunhã-poranga representava a beleza e a força da mulher diante das batalhas da vida. Com essa personalidade, Ticê então “encanta” Xandoré e contém a sua maldade.