RIVALIDADE

Torcedores do Garantido contam como é viver no reduto do boi adversário

“O torcedor de verdade jamais muda as cores da sua camisa. Assim é o boi. Perca 10 anos, ou vença, eu jamais deixarei de ser Garantido", diz Nelma Carneiro, 49

ACRÍTICA.COM
20/06/2016 às 15:25.
Atualizado em 12/03/2022 às 07:50

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A paixão está explícita no sentimento da comerciante Nelma Carneiro, 49, que é torcedora do Boi Garantido e vive há 35 anos na rua Getúlio Vargas, nº 1791, a 200 metros do Curral Zeca Xibelão, do Caprichoso, que fica no bairro da Francesa.

“O torcedor de verdade jamais muda as cores da sua camisa. Assim é o boi. Perca 10 anos, ou vença, eu jamais deixarei de ser Garantido".

É uma paixão verdadeira e que independe do local onde ela esteja, conta a “estranha no ninho”. “O sentimento que eu tenho pelo boi é que nem aquela música: ‘Quem quiser gostar de mim, tem que gostar do Garantido’. Essa paixão é ilimitada”.

Nelma Carneiro ressalta que a convivência com os “contrários” é altamente salutar, mas é ainda mais facilitada porque, ao redor da casa dela, também existem outros torcedores do vermelho e branco. “É bom a gente conviver, principalmente no período do Festival, quando um joga uma piadinha aqui, eu rebato dalí, sempre defendendo as minhas cores”.

Ela enfeita toda a casa de vermelho e branco e, se tem algum detalhe de azul, ela tira ou cobre de rubro e só recoloca no lugar depois que o Festival termina.  

Mesmo com crise

Apesar da crise pela qual passam os bois, Nelma tem expectativa “boa demais” para este Festival. “Está um pouco devagar, mas vamos reverter a situação e vai dar tudo certo. A expectativa é muito grande. Com certeza é um ano de dificuldade, mas é quando o Garantido vem melhor, e mais bonito, para sermos vitoriosos na Arena do Bumbódromo”.

Só casório amenizou a rivalidade 

Torcedora do Garantido, Maria Valdete lembra que, na época de namoro com o ‘caprichoso’ carpinteiro Júlio César Portilho, tudo era harmonia, mas só até meados de maio. A partir daí começavam as brigas do casal, com cada defendendo seu bumbá. “Ele ficava pra lá e eu pra cá. Mas, terminada a festa, nós retomávamos o namoro. As brigas só acabaram depois que casamos, há 29 anos. Eu compreendo e respeito,  e ele também. E principalmente depois que veio o nosso filho Luís Cláudio”.

Júlio César Portilho já se apresentou pelo Caprichoso no Festival de Parintins. Isso ocorreu pela última vez há 22 anos, e desde então ele não vai ao Bumbódromo. “Era uma brincadeira mais arcaica. A tanga era feita da folha da bananeira”, lembra ele, que já saiu nas tribos indígenas e na Marujada de Guerra, antes de ser “acolhido” pelo bumbá da esposa. 

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