Walter Cruz pontua que é preciso inclusive analisar a condição psicológica do delegado Saulo Leotty, investigado por cometer abuso de autoridade em uma briga de trânsito em Manaus
O caso do delegado plantonista do 6º Distrito Integrado de Polícia (DIP) em Manaus, Saulo Leotty, tem sido bastante repercutido pela população amazonense. Saulo foi flagrado apontando uma arma de fogo para outro homem em uma suposta briga de trânsito, na última quarta-feira (1º), na avenida Brasil, bairro Compensa, Zona Oeste de Manaus.
Apesar de não ter sido registrado vítimas, o caso é semelhante ao que aconteceu no dia 25 de novembro de 2017, quando o delegado Gustavo Sotero matou a tiros o advogado Wilson Justo Filho, durante uma discussão no Porão do Alemão. Dois anos após, o delegado foi condenado a 30 anos de prisão em regime fechado.
De acordo com o especialista em segurança pública, Walter Cruz, apesar de se tratarem de casos isolados, o do delegado Saulo Loetty afirma que não é algo recorrente. Entretanto, este caso precisa ser investigado a fundo pelos órgãos de segurança.
“Você pode ter um caso como houve o do Porão do Alemão. Mas nesse caso aí a questão de ameaça você não vê comumente nem delegados, nem policiais militares sacando arma pra ameaçar pessoas. Até porque além de ser uma conduta atípica, é uma conduta criminosa. É preciso ser apurado. Se for verificado que realmente ele fez isso - até porque tem uma tem um vídeo em que é muito esclarecedor o crime de ameaç - ele tem que ser punido e responsabilizado”, descreveu o especialista.
Sobre o delegado
Saulo Rodrigues Leotty é delegado de Polícia Civil do Estado do Amazonas, com lotações iniciais nos municípios de Tabatinga, Benjamin Constant e Atalaia do Norte.
Na capital amazonense atuou como Delegado Plantonista do 14º Distrito Integrado de Polícia, Coordenador da Força Tarefa designada para a Delegacia Especializada no Combate aos Crimes contra a Mulher (DECCM).
Atualmente, encontra-se lotado no 6º Distrito Integrado de Polícia, onde desempenha as atribuições de Delegado de Polícia Adjunto.
Em pesquisa ao Portal da Transparência do Estado, a reportagem da A Crítica apurou que o atual salário do delegado é de R$ 33 mil.
Condição psicológica
Walter Cruz pontua que é preciso inclusive analisar a condição psicológica do investigado por cometer abuso de autoridade (no caso do delegado Saulo), ainda que isso não justifique a ação criminosa.
“Nesse caso até tem que ser verificado a questão do status psicológico do agente de segurança pública que é delegado. Acredito que se faz necessário verificar as vezes se a pessoa está passando por problemas. O que claro, não quer dizer que isso justifique a ação. Mas se a pessoa faz isso por conta de problemas psicológicos, é necessário que passe por um tratamento”, acrescentou Cruz.
Investigações
A Corregedoria-Geral Sistema de Segurança Pública do Amazonas informou, por meio da nota, que abriu sindicância para investigar a conduta do delegado e no que, tange à esfera administrativa disciplinar, serão adotadas as providências legais cabíveis e necessárias para apurar a conduta do servidor policial civil envolvido na ocorrência.
“Ressaltamos que a SSP-AM não compactua com desvios de conduta de servidores policiais do Sistema de Segurança Pública, tendo o dever legal de apurar todo o contexto fático através do devido procedimento administrativo disciplinar, em total reverência aos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório”, descreve a nota.
Porte de armas
Questionado sobre a facilitação no porte de armas, o especialista pontuou que para que isso aconteça é necessário uma legislação rigorosa na hora de abaixar a pessoa quem deseja obter o porte de armas, passando por rigorosos exames para atestar sua capacidade psicológica.
“Sobre a questão do movimento que pede liberação do porte de arma eu volto a dizer isso aí já já está pacificado. Desde que você passe pelos exames psicológicos, exames de tiro, uma pessoa comprovando que realmente necessita ter o porte de arma, não vejo problema, desde que passe por todos os exames que já estão previstos na legislação”, pontuou.