Suspeita foi até a casa das vítimas e se apresentava como servidora do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) localizado no Shopping Via Norte
Moradoras do bairro Colônia Santo Antônio, na zona Norte de Manaus, alegam ter sigo vítimas de uma estelionatária, identificada até o momento apenas como Ana Paula. Segundo as testemunhas, a suspeita foi até a casa das vítimas e se apresentava como servidora do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) localizado no Shopping Via Norte, utilizando roupa de servidores do local e tendo até mesmo acesso aos dados das vítimas.
De acordo com relato das denunciantes, a suspeita ao apresentar tais dados – incluindo até mesmo o dia que em foi feita a atualização cadastral delas – afirmava que elas teriam direito a uma cesta básica. Ao saírem de casa rumo ao CRAS, as vítimas acabavam sendo furtadas pela dita servidora.
“Ela chegou dizendo que eu tinha ido no CRAS segunda-feira [e tinha ido mesmo], que eu estava desempregada, que morava só eu e meu filho [tudo isso verdade]. Disse que eu tinha sido contemplada com uma cesta básica e que se eu fosse lá no CRAS naquele horário ia participar de uma reunião, ia ganhar uma cesta básica e ia ficaria uma cesta básica até o final do ano. Fomos [ela e a vizinha] até o CRAS, quando nós chegamos os funcionários falaram que não tinha cesta básica nenhuma, e que tínhamos caído em um golpe”, relata a vítima, que preferiu não ser identificada.
“Aí quando nós voltamos para casa, ela tinha furtado o celular da minha vizinha. Ela entrou na casa, não sei como, porque nós deixamos trancada”, continua.
De acordo com as vítimas, o roubo foi possível porque a suspeita teria dito a elas que não era necessário levar os celulares até o CRAS, pois iriam participar de uma reunião para o programa Renda Brasil.
Ainda segundo elas, funcionários do CRAS relataram já ter recebido outras denúncias envolvendo uma mulher conhecida como Ana Paula e que se passava por servidora do local, não sendo elas as primeiras vítimas desse golpe.
“Eu me dirigi ao CRAS para questionar com a coordenadora se ela tinha conhecimento que isso estava acontecendo, que tinha alguém se passando por funcionário do CRAS pra furtar as pessoas. Ela disse que já tinha chegado ao conhecimento dela, mas não formalmente. Inclusive a gente encontrou uma pessoa dizendo que teve tudo que tinha furtado por essa mesma pessoa”, afirma a advogada da vítima, que também preferiu não ser identificada.
O caso foi registrado no 18º Distrito Integrado de Polícia (DIP), que deve investigar o caso. Em contato com moradores do bairro Colônia Santo Antônio, as vítimas conseguiram imagens de câmeras de monitoramento que flagram a suspeita, ainda que de certa distância. Agora, elas buscam divulgar tais imagens, e o próprio caso, na esperança que outras vítimas da falsa servidora apareçam, e que a suspeita seja encontrada e presa.
“Entendo que isso é muito grave. Como pode uma pessoa ter dados que foram fornecidos em uma instituição pública. Isso não pode ser repassado para terceiros e muito menos para pessoas com desvio de caráter. Como ela conseguiu esses dados?”, questiona a advogada.
Em nota a reportagem de A CRÍTICA, a Secretaria da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc) disse que levará o assunto para ser discutido junto com a Secretaria Municipal de Segurança Pública para que se abra um processo de verificação se existe envolvimento de servidores no compartilhamento de informações de usuários que buscam atendimentos nos CRAS.
“Reforçamos a orientação de que as pessoas só recebam em sua residência, os profissionais que estejam devidamente identificados”, alerta Semasc.