Por conta das dificuldades no trabalho de coleta de dados, 25 recenseadores já desistiram do cargo
Pelo menos 25 profissionais já desistiram da função (Foto: Andréa Barata Teixeira)
Dois casos de agressões a agentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) em Parintins foram registrados e encaminhados à Polícia Federal, que investiga as denúncias. Os casos ocorreram nos últimos dias durante o trabalho de coleta de dados para o censo de 2022.
O primeiro caso ocorreu no bairro de Santa Clara, na zona leste da cidade. A vítima foi o recenseador Thiago de Lima. Ele conta que realizou o procedimento protocolar com a responsável legal do domicílio, quando a coleta dos dados foi interrompida por contas das agressões do cônjuge da entrevistada.
“O companheiro da entrevistada chegou alterado, falando em tom alto e ofensivo. Ele começou a me xingar e me fazer ameaças, apesar das minhas explicações sobre o meu trabalho. Me senti muito ofendido, humilhado e constrangido. Mas não parou por ai. O agressor me empurrou, puxou pelo meu braço, me expulsou da casa e gritou que não queria mais me ver”, relatou o recenseador.
O segundo caso ocorreu no centro da cidade. A vítima foi a agente censitária supervisora Andrea Barata Teixeira. Ela conta que estava acompanhada de uma recenseadora quando um familiar da responsável legal da residência partiu para as agressões contra as pesquisadoras.
“Nós estávamos na porta de entrada da casa. A dona da residência se dispôs a confirmar os dados da coleta do recenseador. Foi quando esse homem saiu da casa. Ao retornar, ele voltou alterado e saiu arrastando a gente de dentro do domicílio. Para nós, que éramos duas mulheres, foi uma situação que nos deixou bastante abaladas, principalmente por ele ser um homem alto e forte que nos tratou de forma bem agressiva”, lamentou a agente do IBGE.
De acordo com a coordenação local IBGE, ambos os casos foram registrados e encaminhados à Polícia Federal, que abriu investigação sobre as agressões contra os agentes que prestam serviço ao órgão federal.
Por conta das dificuldades na coleta de dados, que incluem as ameaças e agressões, 25 dos 64 recenseadores que iniciaram o Censo 2022 em Parintins já desistiram das atividades de pesquisa ao longo das últimas semanas. De acordo com o IBGE, por conta das desistências, 18 novos recenseadores foram admitidos, já estão em treinamento e devem iniciar o trabalho de campo nos próximos dias.
A coordenação local do IBGE lamentou os casos de agressões aos agentes do órgão e pediu a colaboração da população parintinense com o Censo que está em andamento. Ressaltou ainda a importância do trabalho dos recenseadores para a coleta de informações imprescindíveis sobre o país e que orientam o desenvolvimento de políticas públicas e a tomada de decisões de investimentos da iniciativa privada ou de qualquer nível de Governo.
*Matéria originalmente publicada no site CN7.