Produtor musical e rapper Vittor Clover, o K2D, é morto a tiros em Manaus
Rapper de 23 anos era uma das maiores revelações de produtores musicais da nova cena do rap no Norte e Nordeste. Nas redes sociais, fãs e amigos lamentaram a perda do artista e produtor
O assassinato do rapper e produtor musical Vittor Clover, o K2D, chocou a cena do rap amazonense nesta segunda-feira (2). K2D foi morto a tiros por volta das 19hrs, na noite de domingo 1º, enquanto conversava com um amigo em uma calçada próxima da casa onde morava com a família, na rua 12, no bairro Jorge Teixeira, Zona Leste de Manaus.
O produtor ainda chegou a ser levado para o Hospital e Pronto Socorro Platão Araújo, mas não resistiu aos ferimentos de bala.
Em suas composições, crítica à violência urbana e policial eram sempre presentes.
Vittor e o amigo foram abordados por dois homens não identificados, que atiraram contra os dois.
"O Vitor era meu amigo de infância. Estava no momento errado e na hora errada. Ele ainda saiu correndo até a rua 8, onde caiu e depois foi levado para o hospital", disse o jovem.
O velório de Vitor acontece na rua 8, no bairro Jorge Teixeira, Zona Leste.
Trajetória meteórica
O produtor da nova cena de rap no Norte e Nordeste era uma das principais vozes no movimento que iniciou em 2018 e cresceu com batalhas de rima no Centro de Manaus.
Morador do bairro e disparou na cena do rap nos últimos anos, desde que produziu uma série de beats lançados em eps em parceria com vários nomes de peso da cena atual como: Z Denare, Vinte 3, Kimversatil ,Marcosdmk e Karisson_kahn_mc, e outros.
"Ele era um mano muito focado, estava sempre estudando, procurando evoluir, e sempre afim de abrir novas portas para as pessoas do movimento hip hop, ele era um dos poucos beatmakers e produtor que a nossa cidade tem, e vai fazer muita falta por conta do nosso trabalho ser muito desvalorizado", lamentou o produtor manauara Lucas Gabriel ao A Crítica.
Hábil na produção dos estilos drill e trap, K2D também fez parte do projeto autoral 'Os Três Mosqueteiros', que contou com a participação de um time que ascendeu nas batalhas de rima do BK, no Centro de Manaus.
"Um dos cara mais esforçados da cena sempre acreditava que isso ia virar. Fico muito triste com essa notícia + um sonho interrompido pela maldade do mundo... Descanse em paz jogador", lamentou o rapper Gaxpar Ferraz.
K2D é reconhecido como um dos fundadores do grupo T4F, que se dedicou a ser uma ponte entre rappers iniciantes e produções com qualidade de estúdio. São mais de 60 músicas disponíveis em plataformas online que possuem o toque do produtor.
Em entrevista para os jornalistas livres em 2018, K2D se posicionou diante do cenário de violência e desigualdade no Brasil.
“Os temas que eu gosto de cantar nas minhas músicas são as desigualdades no movimento hip hop e das regiões do Brasil. Também falo do pré-conceito e das minhas crenças sobre a religião cristã.” Revelou o menino.
“O Brasil precisa saber que o Norte não e só índio, nós temos sim a cultura indígena mas não é só isso, aqui nós temos nossas produções. Aqui a gente sabe tudo que acontece no Brasil, a gente vê tudo que eles fazem, mas eles não veem o que a gente faz aqui, aqui tem muita gente boa, mas aqui não temos valor. Os caras da cena do rep do resto do Brasil não entendem sobre rep de verdade porque a maioria diz que rep é união, mas isso tudo é hipocrisia mano! Eu vejo eles aceitarem sul, leste, oeste e esquece do norte, tá ligado, mano? Aqui no Norte o rep sempre teve vivo mano! Você já ouviu falar em Isaac Mesquita, Igor Muniz e Vitor Xamã?", disse o produtor.
A Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), reponsável pelas investigações, abriu um inquérito para apurar as circustâncias da morte do artista,