Caso de Polícia

Zona Azul defende fiscal envolvido em briga com motorista no centro de Manaus

Motorista nega que tenha iniciado as agressões e que a confusão tenha sido motivada pelo o não pagamento do estacionamento, como alega o serviço Zona Azul.

Amariles Gama
06/08/2022 às 14:22.
Atualizado em 06/08/2022 às 14:22

O Sistema Zona Azul afirmou, nessa sexta-feira (5), que irá abrir uma ocorrência administrativa para apurar a conduta do fiscal envolvido no caso de agressão com o motorista de aplicativo, Janderson Fialho, no Centro de Manaus, na última terça-feira (2). Mas, mesmo sem a conclusão da sindicância interna, a direção do serviço entende que o fiscal foi vítima e apenas se defendeu da agressão iniciada pelo motorista. 

Janderson, porém, nega que tenha iniciado as agressões e que a confusão tenha sido motivada pelo o não pagamento do estacionamento, como alega o serviço Zona Azul. O motorista contou ao A CRÍTCA detalhes sobre sua versão do caso, nesta sexta-feira. 

Um vídeo compartilhado nas redes sociais nesta semana mostra o momento de agressões entre o motorista e o fiscal. Em nota divulgada pelo serviço Zona Azul, a direção explicou que o motorista estava estacionado irregularmente no local e havia se recusado a pagar pelo serviço, e ainda agredido o fiscal.

Já o motorista de aplicativo afirmou ao A CRÍTICA que ele havia parado rapidamente na vaga porque precisava aceitar uma corrida. Segundo ele, logo o fiscal do serviço Zona Azul se aproximou para cobrar pela vaga, e ele explicou que já iria sair e só estava aceitando uma corrida. Porém, o fiscal retrucou dizendo que se ele havia parado na vaga teria que pagar o estacionamento.

Janderson que já usava o serviço anteriormente afirma que viu no aplicativo no celular que a cobrança pelo estacionamento havia sido debitada. Então, ele questionou o fiscal e afirmou que a cobrança era indevida, alegando que o regulamento do Zona Azul define 15 minutos de carência para a regularização do veículo no serviço, e ele havia passado cerca de 3 minutos.

“Eu questionei com ele: ei, você não pode fazer isso não, você está me cobrando indevidamente. Eu vou querer o estorno dessa taxa. A gente não abastece o Zona Azul com o dinheiro do governo e nem ganhando dinheiro roubando, a gente trabalha pra fazer isso. Aí ele disse: ah, vai reclamar lá no escritório. Tipo assim: já notifiquei e dane-se!”, relatou o motorista.

Segundo a versão contada por Janderson, ele então saiu do veículo para conversar com o fiscal, e neste momento o fiscal começou a intimidá-lo. “Foi quando ele tentou botar a mão no meu peito, aí foi quando eu dei um empurrão nele, ele desviou e começou aquela agressão corporal”, conta. 

Ageman explica regulamento

Procurada pela reportagem, a Agência Reguladora dos Serviços Públicos Delegados do Município de Manaus (Ageman), responsável por regular e fiscalizar o serviço Zona Azul, explicou que os 15 minutos para regularizar o veículo no serviço não significa tempo de carência, como alegou o motorista de aplicativo.

“Conforme o contrato de concessão, o usuário quando estaciona em uma vaga do serviço Zona Azul tem até 15 minutos para localizar o monitor para efetuar a ativação da vaga onde o veículo está estacionado ou ativar o ticket pelo aplicativo zamanaus”, disse em nota. 

“Segundo o artigo 47 do Código de Trânsito Brasileiro, quando proibido o estacionamento na via, a parada do veículo deverá restringir-se ao tempo indispensável para embarque ou desembarque de passageiros, desde que não interrompa ou perturbe o fluxo de veículos ou a locomoção de pedestres, qualquer tempo superior a isso será considerado estar estacionado na vaga e nesse sentido, o serviço Zona Azul deve aplicar a cobrança”, completou.

”Brigou por causa de R$ 2,45?”

Janderson afirmou também que estão tentando taxá-lo como vândalo que não quis pagar a taxa e ainda agrediu um trabalhador, ou mesmo como uma pessoa que simplesmente brigou por conta de R$ 2,45. “Eu também estava trabalhando. O que aconteceu ali foi uma reação de um cidadão que paga seus impostos e está cansado de sofrer esses tipos de situações”, disse.

“Muita gente questionou: ah, brigou por causa de R$ 2,45? Mas, R$ 2,45 pode ser um valor pequeno quando se é tirado apenas uma vez, apenas de uma pessoa. Mas, imagine aí multiplicar esse R$ 2,45 que eles cobram de várias pessoas, porque ali no Centro de Manaus é um trânsito louco. Imagina de quantas pessoas eles fazem isso por dia?”, questionou o motorista, ao ressaltar que se sentiu lesado.

Já a direção do serviço Zona Azul reforçou que o caso trata-se de intolerância por parte do motorista que, desconhecendo o regulamento partiu para a agressão física. “A sociedade precisa respeitar o trabalho desses profissionais que estão, diariamente, trabalhando, como todo cidadão manauara e não podem ser vítimas de agressões”, disse a direção.

Caso de polícia

O Sistema Zona Azul informou que registrou boletim de ocorrência e vai representar criminalmente contra o motorista. Questionada sobre a versão apresentada pelo motorista, a direção do Zona Azul reforçou que acredita na versão apresentada pelo fiscal, mas que irá apurar o caso.

Janderson também nega que tenha tentado fugir do local após o episódio. Ele afirma que após o confronto, cerca de 20 amigos do fiscal se aproximaram e ameaçaram quebrar o carro dele, caso ele saísse do local antes que a polícia chegasse. Neste momento, o motorista também acionou os seus colegas de trabalho para o local para que pudessem o defender. 

Segundo Janderson, quem atendeu a ocorrência foi o 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP), que encaminhou os dois homens à delegacia. “Eu sei como são as complicações judiciais, então falei para o delegado que por mim acabava ali. E ele como estava errado e reconheceu que estava errado simplesmente disse: por mim também. E cada um foi para o seu lado”, contou.

Janderson disse que soube através da mídia que a direção do Zona Azul irá processá-lo por danos patrimoniais, já que durante a confusão uma máquina de uso de trabalho do fiscal foi quebrada. O fiscal alega que foi o motorista quem quebrou a máquina, mas, Janderson nega dizendo que foi o fiscal quem arremessou a máquina contra o seu rosto que, inclusive, deixou um hematoma.

“Como eu sei que o procedimento no IML [Instituto Médico Legal] demora 30 dias, eu não vou perder tempo não, eu quero é me livrar disso. Ele também não quis fazer corpo de delito. Foi de ambos os lados a negociação”, relatou o motorista. “O problema é que eu queria explicar o outro lado da moeda para não ficar aquele assunto de que só ele foi a vítima e o outro lado é o agressor”, ressaltou.

A direção do Zona Azul reforçou, porém, que registrou boletim de ocorrência, e mesmo após a suposta negociação entre o motorista e o fiscal,  ainda vai representar criminalmente contra Janderson. Segundo a direção, o setor jurídico ainda está analisando a fundamentação, se a queixa será por agressão física, danos patrimoniais, ou ambos.

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